terça-feira, 17 de agosto de 2010

Em homenagem póstuma, Vinicius de Moraes é promovido a Embaixador

Nathalia Passarinho

Do G1, em Brasília



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Lula cumprimenta a bisneta de Vinicius de Moraes.

(Foto: Ricardo Stuckert / PR )O poeta e compositor Vinicius de Moraes foi promovido a embaixador nesta segunda-feira (16), em uma homenagem póstuma realizada pelo Itamaraty. A reintegração de Vinícius à diplomacia coincide com o aniversário de 30 anos de sua morte.

Em 1969, durante a ditadura militar, ele foi aposentado compulsoriamente da carreira diplomática quando era 1º secretário. A “expulsão” do Itamaraty foi conseqüência do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que exigia o desligamento de “bêbados, homossexuais e vagabundos”. Nesta noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a aposentadoria prematura de Vinicius de “aberração”.

“O que estamos fazendo aqui é quase que um processo de reparação. O Vinicius era um ser superior que, mesmo cassado, continuou crescendo”, disse. Durante a homenagem, Lula voltou a dizer que é preciso valorizar os “heróis” ao invés de “se preocupar” com quem praticou torturas e assassinatos durante a ditadura.

“Muitas vezes no Brasil, deixamos de exaltar quem foi vítima no período do autoritarismo e ficamos preocupados com quem prendeu, quem matou. E com isso gente esquece de valorizar os nossos heróis”, disse. O presidente afirmou ainda sentir “inveja” de Vinicius pela forma como ele viveu a vida. “Não conheço alguém que tenha sabido viver a vida como o nosso Vinicius viveu”.

Lula afirmou ainda que gostaria de ter sido convidado para as tardes de música na casa do compositor e criticou o fato de as pessoas hoje morarem, segundo ele, “cercadas por muros e medo”. “Hoje as pessoas não tem mais coragem de convidar alguém para o trago.Um trago para conquistar, não para embebedar”, disse. “Elas vivem cada vez mais cercadas por muros, seguranças, cercadas de medo. A gente vai se distanciando”, afirmou.


Segundo o presidente, Vinicius tinha o “dom” de não conviver com pessoas “chatas”.

“O Vinicius tinha o dom de saber escolher pessoas boas para conviver e não viver com gente chata”. Já o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que ao banir Vinicius da diplomacia, o Itamaraty “se diminuiu, pois perdeu a grandeza” do compositor. Em discurso, o ministro afirmou ainda que, como diplomata, Vinicius era “inteligente, preparado e competente”.

Durante a homenagem, a filha do poeta, Georgiana Moraes, a neta dele, Mariana, e a cantora Miúcha fizeram uma apresentação musical. O repertório contou com as canções, “Pela luz dos olhos teus” e “Coisa mais linda”, compostas por Vinicius.

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