segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sepultado o empresário Gilberto Arueira, morto por engano por policiais da CAEMA



Foi sepultado na manhã deste domingo (26) em Medeiros Neto, acompanhado por uma multidão, o corpo do empresário Gilberto Arueira de Azevedo, 40 anos, morto na tarde da última sexta-feira (24/09), enquanto habilitava um telefone celular numa loja do ramo em Teixeira de Freitas e teria sido confundido com um bandido que estava sendo procurado pela polícia e foi abatido com 6 tiros pelas costas por PMs do Núcleo de Inteligência P-2 da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica, que estavam à paisana. O corpo do empresário foi velado durante o sábado e toda a noite no salão Glamour, situado à Rua Ibirajá, centro da cidade de Medeiros Neto, por onde passaram centenas de pessoas. O seu sepultamento ocorreu por volta das 09h deste domingo (26), e foi marcado por muita dor, revolta e exposição de faixas pedindo justiça, além do acompanhamento do hino do flamengo em homenagem à vítima, que era flamenguis
ta.

Minutos antes da morte de Gilberto, quatro bandidos desconhecidos promoveram quatro furtos contra lojas de eletrônicos em pleno centro comercial de Teixeira de Freitas. Na quinta ação, dois deles, um de pele negra e outro de pele parda, entraram na Loja Celular Mania, na Praça dos Leões e promoveram um assalto à mão armada levando grande quantidade de celulares e um notebook, onde prenderam uma funcionária e um cliente dentro do banheiro, sendo que o cliente feito de refém era um policial militar. Tão logo as vítimas se libertaram do banheiro, o soldado acionou as polícias Militar, Civil e CAEMA e os policiais saíram às ruas na captura dos marginais que estariam se utilizando de motocicletas.

E por volta das 15h, três policiais militares descaracterizados do Núcleo de Inteligência P-2 da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica, teriam localizado dois dos quatro suspeitos, no interior da Loja Celular & Cia Assistência e Venda de Celulares, na Avenida Presidente Getúlio Vargas nº 3.517, ao lado do Banco do Brasil e em frente ao Banco Banestes, em pleno centro de Teixeira de Freitas. Local que teria havido o ato confuso dos militares à paisana, causando a morte do empresário Gilberto Arueira, abatido com 6 tiros pelas costas. Outro cliente da loja, foi atingido por um tiro na mão direita e ainda conseguiu fugir da cena, que se trata do mecânico Joab Medina de Lima, morador do bairro Jerusalém, em Teixeira de Freitas.

Ao lado do corpo de Gilberto, o perito Everton dos Anjos, da equipe do perito criminal Manoel Garrido, recolheu um revólver preto, cabo branco, calibre 32, marca Taurus, com 6 cartuchos no tambor, 5 intactos e um deflagrado. O Laudo de Medicina Legal consta que a vítima foi morta com três tiros de Pistola Ponto-40 no alto das costas, dois tiros no antebraço direito e um sexto tiro na região da axila direita, todos disparados pelas costas. O Departamento de Polícia Técnica fez exame de pólvora combusta nas mãos de Gilberto, para saber se ele realmente usou aquela arma ou não. O resultado deve sair num prazo entre 20 e 30 dias.
A Polícia Civil, que investiga a ocorrência, ainda não divulgou nenhuma versão concreta sobre o fato, contudo, só se sabe que as oitivas das testemunhas, inclusive dos integrantes da loja e da vítima sobrevivente, declaram que não houve cena de assalto no local, apenas a operação dos homens que se identificaram como policiais e promoveram a ação. O delegado coordenador Marcus Vinicius, disse que ainda é cedo afirmar alguma coisa em torno do
ocorrido antes da colheita das oitivas, da conclusão das investigações, antes dos confrontos reais dos fatos e da chegada dos laudos oficiais da Polícia Científica.
No entanto, o comandante da Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica – CAEMA de Posto da Mata em Nova Viçosa, major Ivanildo da Silva, determinou a instauração de um inquérito policial militar para apurar o possível erro operacional, e caso fique provado o exagero seguido de falha com resultado morte de um inocente, os autores poderão pagar com as conseqüências de perda das funções e prisão.

A vítima, Gilberto Arueira de Azevedo, 40 anos, era filho de uma família tradicional da cidade de Medeiros Neto, onde nasceu e se criou. A notícia da sua morte fez a população de Medeiros Neto se revoltar e ir às ruas. Foram muitas as pessoas que desceram para Teixeira de Freitas no intuito de confirmar a veracidade dos fatos na noite seguinte ao fato. Vários moradores de Medeiros Neto, bem como os seus inúmeros amigos e parentes se aglomeraram em frente ao Instituto Médico Legal de Teixeira de Freitas na noite desta sexta-feira (24/09), lamentando o ocorrido e dando testemunho que se tratava de um homem de bem e de conduta ilibada.
O vereador por Teixeira de Freitas e candidato a deputado estadual, Gilberto Souza Santos, “Gilberto do Sindicato” (PC do B), amigo de infância de Gilberto, lamentou a perda do amigo e considerou a ação que causou a sua morte como prova de um despreparo profissional e conseqüências de uma ação desastrosa.

Gilberto Arueira de Azevedo havia morado por cinco anos nos Estados Unidos e retornou a Medeiros Neto em dezembro de 2009, onde estava reconstruindo a sua vida como proprietário de um Posto Lava-Jato. Ele era casado com Marly Rocha Azevedo, 35 anos e era pai de Thais e Arthur ainda menores. Segundo apurou os colegas do site medeirosneto.com, no dia à sua morte, Gilberto saiu de Medeiros Neto por volta das 09h em direção a cidade vizinha de Teixeira de Freitas para comprar produtos para o seu comércio de lavagem de veículos, que fica situado na Rua Ibirajá, no centro de Medeiros Neto. E também teria levado o aparelho de celular da esposa para desbloquear e foi justamente quando estava na loja de celulares que teria sido confundido com o tal assaltante e abatido pelas costas.
E curiosamente, há uma semana atrás, Gilberto Arueira e sua família sobreviveram a um grave acidente automobilístico na BA-698 no município de Mucuri, quando seguiam para Nova Viçosa, quando seu Fiat/Uno, de cor preta, sofreu perda total, razão pela qual estava usando uma moto para trabalhar, inclusive no dia da sua morte. Na sua página do Orkut, ele escreveu “Deus mim livrou da morte, eu e minha esposa”. Antes de ir para os Estados Unidos, Gilberto já trabalhava no seu comércio de veículos “Lava-Rápido Arueira” e durante a noite atuava como garçom. Segundo as pessoas que o conheciam, Gilberto era muito amigo da sua população e o seu grande diferencial era o seu carisma para com todos e até para falar, era sereno, e mesmo sendo um flamenguista apaixonado, era afável até para comemorar o gol do seu time do coração.



Texto Athylla Borborema

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